Bruno Horta - Opinião Política


Eu não tenho a menor dúvida de que o município de Macaé perde muito quando candidatos de outros lugares vem a Macaé pedir votos, e vou explicar meus motivos. Certamente são motivos do meu ponto de vista político mas acredito ser importante essa reflexão. Eleitores e candidatos precisam ter um olhar voltado para o que está próximo, sei que os calorosos debates de temas nacionais são empolgantes, direita, esquerda, centro, Lula, Bolsonaro, Ciro, Mouro. Além das questões dos noticiários como vacinação, STF, desmatamento e etc.. Mas olhar para o que acontece na sua rua, no seu bairro, na escola, no posto de saúde, no ônibus e na coleta de lixo são questões, para mim, ainda mais importantes que os temas nacionais que citei logo acima.


Se já, durante as eleições para vereador, nos surpreendemos com a quantidade de desconhecidos que são candidatos, para as eleições estaduais e federais esses candidatos, em sua maioria, se tornam desconhecidos distantes. E na quase totalidade das vezes desconhecidos que "aparecem" em Macaé apresentados por candidatos do município que estão fazendo a chamada dobradinha, isto é, um candidato a estadual faz uma parceria com um candidato federal e seguem juntos em campanha, quase sempre um levando o outro em seu reduto eleitoral. 


Entrei nessa espécie de "campanha por Macaé" porque é claro que estamos avançando politicamente na forma de eleger nossos representantes. Nas décadas de 80, 90 não conseguimos muitos sucessos eleitorais a nível estadual ou federal. Fora um ou outro nome, não considero que conseguimos criar uma tradição de representantes de Macaé. Mas melhoramos nas últimas eleições. Na última eleição para deputado federal os quatro mais bem votados no município tinham base eleitoral em Macaé. Foram eles Felício Laterça, Danilo Funk, Ricardo Salgado e Christino Áureo.  Seguidos por Flordelis, Hélio Negão, Marcelo Freixo e Hugo Leal. Estes quatro últimos nada fizerem de importante para Macaé.


Para deputado estadual fomos ainda melhores, dos 10 primeiros, 8 tinham base em Macaé: Welberth Rezende, Chico Machado, Julinho do Aeroporto, Marcel Silvano, Luiz Fernando, Val Barbeiro, Edmilson Ramalho e Marcelo Carnaval. Sem entrar na análise dos nomes, não podemos fazer menos do que isso esse ano.
Em 2014 apenas Christino Áureo foi eleito deputado estadual com base em Macaé. Para deputado federal ninguém com base em Macaé. Em 2010 Adrian Mussi e Dr. Aluízio foram os nossos deputados federais. Deputado estadual tivemos Christino Áureo.


Seguindo nesse túnel do tempo, em 2006 Silvio Lopes foi deputado federal e Glauco Lopes foi eleito deputado estadual juntamente com Christino Áureo.

 
Para encerrar no século XXI em 2002 Mirian Reid é eleita federal e para estadual tivemos Glauco Lopez.


Como é possível perceber, de uma forma ou de outra, sem entrar nos detalhes de cada político, tivemos um crescimento lento em relação ao número de representantes eleitos. E seria muito ruim para Macaé perder esse espaço.    Alguns argumentos contra essa forma de pensar a política, diz que todos esses eleitos não fizeram nada por Macaé. Sabemos que essa frase é um exagero, mas que por outro lado, esperávamos muito mais dos políticos que passaram por lá, isso sim é certo.


Mas em um convite rápido ao pensamento crítico quero propor o seguinte: Se os políticos com origem ou base em Macaé pouco fizeram, imagem quem não tem nosso município como prioridade. Claro que não posso afirmar que políticos "de fora" não farão nada, mas posso afirmar que Macaé não será sua prioridade, pois essa prioridade é da base eleitoral que lhe garantiu a maior parte dos votos e quase sempre é onde o político mora.
Por isso faço esse convite ao pensamento. Qual político tem maiores possibilidades de promover ações públicas em Macaé? Quem tem sua família, seu emprego, a maioria de seus eleitores aqui. Ou quem foi muito bem votado em sua base e teve dois ou três mil votos por aqui?


Sei que esse convite pode implicar em ter que considerar em votar em um candidato que derrotou o seu em eleições anteriores. Mas é importante pensar também que quantos mais políticos conseguirmos eleger, maior será nossa possibilidade de fazer com que novos políticos tenham também sua oportunidade em eleições futuras.